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Redefinindo o crescimento: o principal indicador do triunfo do turismo dominicano

* Por Paola Gómez, Representante do Escritório de Turismo da República Dominicana no Brasil

A República Dominicana, um país com metade de uma ilha, conseguiu chegar à vanguarda do turismo global. Com a chegada de mais de 10 milhões de visitantes em 2023, um dos menores países da América emergiu como um gigante da era pós-pandemia do turismo.

Certamente, foi uma façanha igualar o número de sua população em hóspedes; no entanto, esse resultado, por si só, é suficiente para considerar bem-sucedida a estratégia do setor de turismo dominicano?

Existem indicadores tradicionais para identificar quando um pequeno participante está se tornando um grande participante. Quando a operação se reflete em números maiores nas contas bancárias, os gerentes afirmam que a atividade econômica está crescendo. De acordo com Penrose (1959), “crescimento é o resultado diferencial entre (pelo menos) dois pontos no tempo”. Diferencial refere-se a incremental, devemos observar.

Entender o crescimento como uma variação positiva não é uma tarefa difícil; o que os autores não conseguiram estabelecer é uma definição concreta para a parte do resultado do conceito de Penrose. Essa parece ser uma grande preocupação para os pesquisadores, como reconhece o artigo de McKelvie e Wikllund (2010) sobre pesquisa de crescimento:

“Um grande obstáculo que precisa ser superado é determinar o indicador de crescimento apropriado a ser aplicado (Weinzimmer et al., 1998). Isso envolve essencialmente a determinação da variável dependente apropriada a ser empregada para capturar efetivamente o crescimento. Muitas medidas diferentes de crescimento foram usadas, incluindo níveis de vendas, lucratividade, número de funcionários e participação no mercado (Gilbert et al., 2006; Shepherd & Wiklund, 2009; Storey, 2004). A escolha da medida de crescimento representa um tipo diferente de crescimento que pode ou não refletir o crescimento em termos de outras métricas” (p. 268).

Diante de tantos indicadores possíveis, torna-se difícil para as organizações escolherem o indicador adequado para medir seu crescimento. McKelvie e Wiklund (2010) citam Hoy, McDougall e Dsouza que, em seu artigo de 1992, ‘’Strategies and Environments of High Growth Firms’’ [Estratégias e ambientes de empresas de alto crescimento], afirmam que “o crescimento das vendas é a variável de crescimento mais eficaz, pois se traduz facilmente em todos os contextos de países e setores” (p. 268). Por outro lado, outros, como Shepherd e Wiklund (2009), afirmam que “o crescimento do emprego parece ser a métrica que apresenta a melhor validade simultânea” (p.105).

Evidentemente, os diferentes pontos de vista não foram discutidos o suficiente para se chegar a um consenso, embora os especialistas concordem com a urgência do problema: “argumentamos que o aspecto ‘como’ do crescimento é uma questão necessária e fundamental que precisa ser mais bem compreendida antes que possamos voltar nossa atenção para o quanto uma empresa cresce”. (McKelvie e Wiklund, 2010, p. 261).

Apesar da nova tendência da lógica empresarial, a seleção de indicadores de crescimento ainda se baseia no modelo tradicional. “A lógica dominante se concentrava em recursos tangíveis, valor incorporado e transações. Nas últimas décadas, surgiram novas perspectivas que têm uma lógica revisada focada em recursos intangíveis, na cocriação de valor e nos relacionamentos” (Lusch e Vargo, 2004, p.1).

É por isso que a taxa de retenção de clientes não aparece na lista dos indicadores comuns de crescimento dos negócios, como fazem alguns dos resultados que ela afeta. Diferentemente, a RD conseguiu se concentrar na retenção de clientes como um importante indicador de crescimento: “As recompensas da fidelidade são de longo prazo e cumulativas. Quanto mais tempo um cliente permanecer fiel, mais lucro uma empresa poderá obter de um único cliente (…). O aumento da fidelidade do cliente leva a uma maior lucratividade, maior retenção de funcionários e uma base financeira mais estável” (Griffin, 2002, p. 9).

A evolução do turismo na República Dominicana é inegavelmente bem-sucedida, não apenas pelo grande número de chegadas que continua aumentando ano após ano, mas, o que é mais importante, pelos 92% desses visitantes que afirmam que planejam voltar ao destino. E eles não apenas voltam várias vezes: trazem novos amigos, juntam-se a eles novos membros da família e até mesmo motivam colegas de trabalho a fazer viagens de negócios.

Lista de Referências

Gilbert, B.A., McDougall, P.P., & Audretsch, D.B. (2006). New venture growth: A review and extension. Journal of Management, 32, 926-950.

Griffin, Jill (2002). Customer loyalty: How to earn it, how to keep it. San Francisco, CA: Jossey-Bass

Lusch, S, & Vargo, R. (2004, January). Evolving to a new dominant logic for marketing. Journal of Marketing, 68, 1-17.

McKelvie, A. & Wiklund, J. (2010). Advancing firm growth research: A focus on growth mode instead of growth rate. Entrepreneurship Theory and Practice, 34 (2), 261-288.

Penrose, E. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: Oxford University Press

Shepherd, D. & Wiklund, J. (2009). Are we comparing apples with apples or apples with oranges? Appropriateness of knowledge accumulation across growth studies. Entrepreneurship Theory and Practice, 33, 105-123.

Stoney, D.J. (1994). Understanding the small business sector. London: Routledge.

Weinzimmer, L.G., Nystrom, P.C., & Freeman, S.J. (1998). Measuring organizational growth: Issues, consequences, and guidelines. Journal of Management, 24, 235-262.

As opiniões expressas neste texto são do autor e não refletem, necessariamente, a posição da WTM Latin America.

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