Travel Forward
Sem dúvida, o Blockchain vem criando entusiasmo no mercado de tecnologia de viagens. Enquanto empresas e prestadores buscam oportunidades de usar a tecnologia, ela divide opiniões entre os especialistas: será que ela cria oportunidades reais para os prestadores de serviços de viagens oferecerem serviços mais inovadores ou será que sua importância está sendo exagerada?
O recurso de gerenciamento distribuído de dados (no qual se baseiam as criptomoedas, como o Bitcoin) apresenta várias características úteis. No topo da lista está a imutabilidade – ou seja, o fato de que, quando uma informação é armazenada em um blockchain, ela não pode ser removida –, que proporciona níveis mais altos de segurança e confiança, mas sem comprometer a privacidade.
Ao mesmo tempo, como um blockchain é acessado por todas as partes envolvidas em certo caso de uso, isso significa que os dados não ficam presos em um determinado serviço ou banco de dados e não pertencem a ele. Assim, por exemplo, várias partes poderiam usar um único blockchain compartilhado para rastreamento de bagagens. Isso cria a oportunidade de desintermediação, com possível redução de custos para o consumidor final.
Não é difícil pensar em situações nas quais essas capacidades possam ser úteis: se você precisa de uma plataforma integrada, segura, distribuída e acessível por várias partes como base para a confiança, o Blockchain pode ser uma boa opção. A organização sem fins lucrativos Winding Tree acredita que uma plataforma de distribuição de viagens descentralizada e de código aberto nivelará o campo de jogo, de modo que as pequenas empresas possam concorrer com as maiores, oferecendo serviços melhores a preços mais baixos.
Diversos fornecedores de viagens de maior porte passaram a ser fortes apoiadores do Blockchain. Veja, por exemplo, o Bed-Swap, sistema habilitado por blockchain da TUI que mantém inventários de leitos de hotéis em tempo real: ele permite que quartos vazios sejam oferecidos em diferentes mercados em poucos segundos, sem a necessidade de um intermediário para gerenciar as informações – e nem, aliás, as transações resultantes.
A Singapore Airlines também lançou sua carteira digital de blockchain, a KrisPay, que permite aos membros do programa de milhagem KrisFlyer converter suas milhas aéreas em unidades de pagamento digitais para compras instantâneas em lojas parceiras.
As startups também estão em busca de obter as recompensas potenciais do Blockchain. Um exemplo é a plataforma Arcade City, rede ponto a ponto de transporte particular fundada recentemente em Austin, nos EUA. A Arcade City pertence a seus motoristas e é operada por eles, dispensando a necessidade de um terceiro que adicionaria taxas e aumentaria os custos, mas, ainda assim, mantendo elementos muito importantes: reputação e confiança.
Apesar do potencial do Blockchain, ele ainda está em sua fase inicial: os observadores aconselham a não partir logo para implantações em larga escala. Conforme observado pela Travelport, o Blockchain tem potencial para mudar o mercado de viagens no médio a longo prazo. No entanto, agora é um bom momento para aprender mais sobre sua aplicabilidade e funcionalidade, mantendo a mente aberta quanto a situações que possam oferecer bons ambientes de teste para o Blockchain, levando em consideração sua relativa imaturidade como tecnologia.
A moral da história é que você pode cogitar o Blockchain agora mesmo, caso ele possa ser usado para gerar valor comercial direto, ou seja, aumentar a sua eficiência, gerar ROI ou reduzir riscos. Se o caso de negócios faz sentido, então há uma oportunidade de aumentar as habilidades e a experiência, além de reagir a uma necessidade. No fim das contas, o Blockchain não é nada mais, nada menos do que uma ferramenta útil e deve ser tratado como tal.
As opiniões expressas neste texto são do autor e não refletem, necessariamente, a posição da WTM Latin America.