O projeto Destinos Turísticos Inteligentes foi criado na Espanha, em 2002, com objetivo de melhorar o posicionamento dos destinos espanhóis em nível global, tornando-os mais “inteligentes” e competitivos. Todo destino ou empresa turística deveria buscar esse objetivo, oferecendo experiências inovadoras, para atender e surpreender os viajantes conectados.
No Brasil temos alguns gargalos que deveriam ser resolvidos com prioridade. Mas infelizmente, temos que resolver tudo ao mesmo tempo. Cuidar da qualificação de pessoas e também inovar e acompanhar as tendências globais do turismo.
Destino Turístico Inteligente é, por definição, um espaço inovador, consolidado, que utiliza infraestrutura tecnológica de ponta, facilitando a interação do visitante com empresas locais, otimizando a qualidade da sua experiência de viagem, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento sustentável do território turístico e melhora a qualidade de vida do residente (Segittur – Sociedade Estatal para a Gestão da Inovação e das Tecnologias Turísticas da Espanha).
O conceito de destino turístico inteligente deriva de Smart Cities, ou Cidades Inteligentes, e vai além do uso intensivo da tecnologia. Na Espanha, vários destinos vêm trabalhando com essa metodologia, e com muito sucesso.
Trata-se de uma nova metodologia para planejar e gerenciar destinos turísticos. Está baseada em cinco pilares: tecnologia, governança, inovação (foco na experiência turística) sustentabilidade e acessibilidade.
Particularmente, considero extremamente relevantes o uso da tecnologia para aprimorar as experiências e os serviços turísticos e gerar novos negócios e também a geração de novos negócios tecnológicos voltados ao turismo. Trata-se, portanto, de ir muito além de ter site, redes sociais e fazer atendimento ao cliente via WhatsApp.
Independente de atuar no segmento de agenciamento, hotelaria, alimentação, transporte, eventos, etc., sua marca precisa ter bom posicionamento online, ser inovadora e oferecer experiência de qualidade aos seus clientes e potenciais clientes.
A jornada de compra do viajante 4.0 tem mudado com frequência, e todas as etapas passam pela internet. Desde a fases da Inspiração (busca do destino de férias, atividades etc.), pesquisa (de voos, hospedagem, atrativos, etc.), planejamento (é a fase da reserva e compra efetiva), viagem (consumo) até a volta para a casa, quando ele continua postando conteúdos e compartilhando opinião sobre os destinos e os serviços experimentados.
Portanto, se o potencial cliente não encontra sua empresa ou seu destino nas primeiras etapas (pesquisa e planejamento), ele nem irá considerar sua marca. Certamente irá clicar na empresa ou destino concorrente.
Além disso, esse viajante está acostumado com Uber, Airbnb, Google Trips, OTAs, além de Waze, Netflix, Ifood, etc. Para esse consumidor, uma empresa que não existe no mundo digital não pode existir no mundo real.
Portanto, entender esse novo conceito de Destinos Turísticos Inteligentes e se apropriar das ferramentas digitais que estão disponíveis, é fundamental para qualquer empresa do setor.
Tenho atuado como consultora de Turismo Inteligentes em diferentes destinos. Sempre encontro empresas que têm grau de maturidade digital distinto. Mas sempre há espaço para aprimorar os seguintes aspectos:
– Posicionamento online da marca – como sua empresa é vista e como é encontrada – posição nas buscas do Google, atualização do site, performance nas redes sociais e atendimento online, tempo de resposta.
– Experiência turística – sabemos que os consumidores preferem investir em experiências a comprar bens. O que sua empresa ou destino oferece para atender esse novo perfil do viajante?
– Gestão da reputação online – o que os clientes falam da sua empresa nas redes sociais, Google, TripAdvisor, Booking.com e etc.
– Uso da tecnologia para aprimoramento de produtos e processos – isso vale para empresas de hospedagem, agências de viagens, restaurantes, bares, receptivos, etc. Podem ser explorados óculos de realidade virtual, chatbots, vídeos online, big data, dentre outras milhares de ferramentas.
É um trabalho constante, mas a inovação deve ser um processo constante em qualquer empresa. Precisamos de energia e dedicação. E se você acha que sua empresa não precisa de nada disso, algo bem grave pode estar acontecendo por aí.
Como podemos tornar o nosso turismo mais inteligente?