Por JoAnna Haugen
O viajante de aventura atual está mudando.
Há não muito tempo, as pessoas que se definiam como viajantes de aventura buscavam experiências extremas, radicais, que envolviam risco e perigo. Mas as coisas vêm mudando, e uma pesquisa recente da ATTA – Adventure Travel Trade Association (Associação das Empresas de Turismo de Aventura) revelou que os viajantes de aventura de hoje estão mais propensos a buscar experiências transformadoras que ofereçam uma expansão de sua visão de mundo, vivências significativas e oportunidades de aprender, conectar-se à natureza e mergulhar no mundo natural.
Essa pesquisa está em sintonia com os resultados do Industry Snapshot (Retrato Instantâneo do Setor) 2017 da ATTA, que mostra um panorama do setor de viagens de aventura pelo prisma das operadoras de turismo de aventura. Segundo o Snapshot, as atividades de aventura mais procuradas pelos viajantes são as caminhadas, as oportunidades culturais, o ecoturismo e as atividades sustentáveis do ponto de vista ambiental. Algumas atividades, como as experiências culturais e as caminhadas, têm mantido o nível de aceitação, e, embora o ecoturismo esteja sendo cada vez mais procurado ano após ano, parece haver uma ênfase crescente, por parte dos viajantes de aventura, no meio ambiente e na sustentabilidade.
Além disso, em algumas regiões do mundo, o ciclismo e os safáris se mostram particularmente bem aceitos. No extremo oposto do espectro, os viajantes de aventura não têm procurado a caça, o automobilismo, o esporte de orientação e o parapente.
Assim como os viajantes de aventura vêm mudando de interesse nos últimos anos, também vêm alterando a rota no que tange à escolha de destinos de viagem. A América do Sul, que entrou na lista de 2016 do Industry Snapshot, continua sendo um destino procurado, junto com a Escandinávia, o sul do continente africano e o Mediterrâneo.
Talvez não seja de surpreender que, nos últimos dois anos, os norte-americanos venham demonstrando interesse em viajar para os Estados Unidos, o Peru, o Equador e o Canadá em busca de experiências de viagens de aventura. Desde 2014, a Itália está entre os cinco destinos mais procurados nessa lista; porém, neste exato momento, os viajantes estão mais interessados em viagens para Cuba. Quanto aos europeus, Itália, Espanha e França continuam sendo destinos em alta, mas Portugal e Albânia chegaram ao topo da lista, substituindo o Reino Unido e a África do Sul entre os cinco mais procurados.
Também é interessante o fato de que os viajantes de aventura costumam recorrer a operadoras de turismo para “roteiros personalizados” e experiências “familiares / multigeracionais”. Ademais, as operadoras de turismo relatam que os viajantes têm buscado tanto as viagens “de curta duração” como as “de longa distância / para o exterior”.
Então, qual a implicação de tudo isso para o futuro das viagens de aventura e para quem trabalha no setor?
Sem dúvida, os resultados exibem tendências: alguns destinos e atividades continuam no topo das paradas de aceitação, mas, à medida que o perfil do viajante de aventura vai mudando, também mudam seus interesses e prioridades. Atividades, destinos e estilos de viagem evoluem, e as operadoras de turismo e todos os que atuam no setor precisam evoluir junto.
Para quem trabalha no setor, é fácil fazer suposições sobre quais são os principais clientes e consumidores, especialmente à medida que os anos passam. Mas mudanças na cultura, na política, na mídia e no meio ambiente têm um impacto nas escolhas que os viajantes de aventura fazem, de modo que só as operadoras de aventura mais atentas e flexíveis serão capazes de sobreviver e prosperar, ao atenderem às necessidades do viajante de aventura da atualidade.
Sobre o Autor
JoAnna Haugen é editora executiva da AdventureTravelNews, principal publicação de viagens de aventura voltada a profissionais do setor e a membros da Adventure Travel Trade Association (ATTA), que atende mais de 1.000 pessoas em 100 países do mundo todo. Além disso, é uma escritora amplamente publicada, com textos que apareceram em mais de 60 publicações impressas e online da BBC, CNNGo, American Way, Modern Luxury, Popular Science e diversas revistas AAA, entre outras.
As opiniões expressas neste texto são do autor e não refletem, necessariamente, a posição da WTM Latin America.