*Por CAPTUR (Camara Provincial de Turismo Pichincha)
O Equador está enfrentando as crises sanitária e econômica em uma situação bastante difícil. Desde o ano 2000, o país não possui moeda própria e usa o dólar dos Estados Unidos da América como meio de pagamento. Para o turismo, isso tem sido bom porque: i) os turistas têm familiaridade com a conversão em dólares e fazem relação facilmente com sua própria moeda e seus preços; isso evita conversões difíceis com moedas e tipos de câmbio desconhecidos; ii) o Equador tem estabilidade de preços (a inflação tem sido inferior a 4% ao ano), portanto, os orçamentos e o planejamento não têm grandes variações; e iii) isso vem permitindo oferecer serviços externa e internamente sem grandes variações de preços, o que facilita a promoção e o marketing. Por outro lado, tem sido ruim porque: i) outros países desvalorizam sua moeda e oferecem serviços com preços atrativos em dólares ou euros; ii) o dólar, uma moeda forte para alguns países, exige mais dinheiro na sua moeda para comprar nossos serviços. O Equador também não dispõe de recursos fiscais; possui alto endividamento interno e externo; o preço do petróleo está muito baixo; e o setor de saúde está sobrecarregado pela crise sanitária.
Das empresas de turismo, 85% são MPMEs, muitas delas familiares; elas estão com dificuldades de liquidez para pagar aluguel, funcionários, impostos, previdência social e outras despesas. Não há subsídios parciais à folha de pagamento, usando a seguridade social, como ocorre em outros países. Por esse motivo, os sindicatos, encabeçados pela FENACAPTUR, solicitaram: i) diferimento de impostos sobre lucros e vendas; ii) diferimento de pagamentos à seguridade social; iii) estrutura trabalhista especial para fazer frente a circunstâncias extraordinárias; e, iv) créditos de liquidez para que as empresas possam sobreviver. Defender as empresas é defender o emprego, uma economia saudável e a possibilidade de entrada de divisas na economia através do turismo. Não obtivemos atenção, exceto no diferimento dos impostos nacionais por um período de três meses. Os outros pedidos não foram atendidos.
O Equador precisa tomar medidas de curto, médio e longo prazo em conjunto com as autoridades nacionais e locais para uma recuperação com a maior rapidez e o menor custo possível. Isso requer analisar suas potencialidades, diferenciais, gestão e promoção e oferecer atividades que proporcionem segurança a seus visitantes em potencial. Para isso, foram criados, com o Ministério do Turismo, seis comitês que abordam questões relacionadas à competitividade, impactos econômicos das crises, gestão territorial, promoção e publicidade, normas e recuperação. Foram criados subcomitês nos diferentes comitês, mas, no final, o trabalho de todos os comitês corresponderá a propostas para implementar ações de benefício geral nesta nova realidade e com vistas à etapa pós-Covid19. Além disso, estamos elaborando e validando, em conjunto, protocolos para as diferentes atividades turísticas, de modo que os riscos na execução dessas atividades desapareçam ou fiquem próximos de zero, e também gerando oportunidades de capacitação dos atores dos territórios por meio de treinamento online em assuntos de interesse do setor.
O setor privado organizado, por sua vez, está criando o Cluster e a Agenda de Competitividade Turística do Equador com outros atores não apenas turísticos (financeiros, acadêmicos, governamentais e outros) para desenvolver o setor; criando um Fundo Privado de Promoção Turística do Equador; apresentando propostas de necessidades de financiamento a organismos multilaterais; apresentando propostas de projetos que beneficiem o setor a agências de cooperação; criando plataformas para venda de serviços e comércio entre profissionais; e estabelecendo alianças com atores proeminentes a fim de ampliar os benefícios diretos aos empresários.
As opiniões expressas neste texto são do autor e não refletem, necessariamente, a posição da WTM Latin America.